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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Cavaco Silva diz que José Sócrates interferiu em negócio da Caixa Geral de Depósitos

Cavaco diz que Sócrates interferiu em negócio da Caixa Geral de Depósitos

Segundo uma notícia do jornal Público, no livro de memórias, o ex-Presidente da República diz que o então primeiro-ministro pediu ao banco público que desse uma garantia a uma empresa no negócio da auto-estrada de Trás-os-Montes.

Nas confidências sobre as Quintas-feiras e outros dias, o antigo Presidente da República deixa escapar uma acusação a José Sócrates, dizendo que o ex-primeiro-ministro lhe contou que fez um pedido à Caixa para dar garantias "de avultado montante" a "uma certa empresa". Cavaco Silva não diz qual o valor da garantia, nem qual a empresa, mas diz que Sócrates lhe contou o pedido que fez à administração da CGD. Esta versão difere do que Santos Ferreira, presidente da Caixa durante o tempo em causa, disse na comissão de inquérito, negando a interferência do Governo nos negócios do banco público.

"Quando, seguidamente, me contou que o Governo tinha pedido à Caixa Geral de Depósitos para que concedesse uma garantia de avultado montante para que uma certa empresa pudesse concorrer à concessão da auto-estrada transmontana, percebi que não tinha tido sucesso no meu esforço didáctico sobre a afectação de recursos em tempo de escassez de crédito". Com este desabafo, o ex-Presidente da República mostra que, para si, houve uma ingerência directa do primeiro-ministro num negócio da CGD.

Cavaco Silva não identifica a empresa em causa, contudo, tendo em conta o caso, só há duas possibilidades. À concessão da auto-estrada transmontana concorreram dois consórcios liderados por duas empresas de construção portuguesas, a Soares da Costa e a Somague. A Soares da Costa teria, segundo apurou o PÚBLICO, garantias de outros bancos, incluindo espanhóis, para entrar no negócio. As garantias a que o Presidente se refere como de "avultado montante" terão sido dadas à concorrente, a Somague, que acabaria por sair derrotada da concessão.

Nas quase 600 páginas do livro, o antigo Chefe de Estado não menciona mais nenhuma interferência directa do Governo na CGD, à parte da nacionalização do BPN e do papel que o banco público desempenharia.
Fonte: Público.