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quinta-feira, 9 de março de 2017

Passos vs Costa - Ressabiamento, ataques à honra e má educação

primeiro-ministro, António Costa, e o líder da oposição, Passos Coelho


O debate quinzenal desta quarta-feira tinha como tema o crescimento económico sustentado – escolhido pelo Governo – mas destacou-se pelo tom crispado e alterado das acusações trocadas entre o primeiro-ministro, António Costa, e o líder da oposição, Passos Coelho.

No início do debate, Costa defendeu que a "realidade impôs-se ao pessimismo e hoje ninguém pode deixar de reconhecer os progressos obtidos pelo nosso país ao longo do último ano", dando o exemplo das contas públicas, do mercado de trabalho e na actividade económica ou na confiança. "Os bons indicadores sobre Portugal confirmaram-se", sublinhou.

Quando se discutia o crédito mal parado, Passos voltou a acusar o líder do Executivo de ter tentado responsabilizar o Governo liderado por Passos no caso das offshores. E partiu para o ataque. "Pelo menos peçam desculpa pelas intenções que lançaram para a praça pública. Sabemos que não existem nas transferências offshore nada que envolva responsabilidade política" da coligação. "Sabemos que mais de metade daquilo que supostamente não passou pelo crivo do fisco devia ter passado já depois do Governo que liderei ter cessado funções", disse Passos, acrescentando: "Não pede desculpa por tentar enlamear as pessoas que estiveram no seu lugar."

A resposta de Costa não se fez esperar, tendo o primeiro-ministro dito que Passos o conseguia "sempre surpreender pela desfaçatez". "Há 15 dias esteve aqui a insultar-me, pôs o seu líder parlamentar a insultar-me, fez fugas para a comunicação social sobre uma reunião da bancada onde me chamou vil, soez. Permitiu-se ofender a comunicação social dizendo que uma notícia do Público era plantada pelo Governo", começou por acusar, rematando: "E agora ainda queria que eu pedisse desculpa. É preciso muita desfaçatez!".

O episódio provocou agitação nas bancadas socialista e social-democrata, com sucessivos pedidos de defesa de honra. O primeiro partiu de Passos, dizendo haver "limites para a desonestidade no debate político." "Nunca pensei que tivesse de invocar esta figura regimental nesta câmara", confessou. Para o presidente social-democrata, Costa "não perde uma oportunidade de desqualificar os seus adversários", algo que "nem nos tempos de pior memória" se lembra de um primeiro-ministro o fazer. Também o líder da bancada "laranja", Luís Montenegro, usou do mesmo direito dizendo que "o primeiro-ministro é mal-educado com aqueles que aqui [na Assembleia da República] representam os portugueses".

Costa reagiu para dizer que Passos "não usou da palavra para defender a sua honra, mas para mais um episódio da teoria que quer construir de que há crispação e degradação do ambiente parlamentar". "Não há crispação no País, nem no Parlamento. O que há é uma bancada ressabiada", rematou. 
Fonte: Sabado.